Efaer Paulo Freire recebe seminário estadual para discussão da Base Nacional Comum Curricular

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Professores do Recife e de todo o Estado de Pernambuco participam das discussões nestas quarta e quinta. Foto: Lú Streithorst/PCR

A Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Educadores do Recife (Efaer) Professor Paulo Freire, na Madalena, recebe, até esta quinta-feira (28), o Seminário Estadual para discussão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que reúne propostas de atualização e unificação curricular da educação básica brasileira. O secretário de Educação do Recife, Jorge Vieira, participou, nesta quarta-feira (27), da mesa de abertura do evento, que contou com a participação de professores de todo o Estado de Pernambuco, selecionados por chamada pública.

 

 

Até meados de agosto, as discussões estão acontecendo em cada uma das 27 unidades da federação, para que todas deem as últimas contribuições para o documento, que já está em sua segunda versão. Nesta fase, os encontros são organizados pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio do Ministério da Educação (MEC) e das Secretarias Estaduais.

Nesse momento, são permitidas alterações, supressões e acréscimos à segunda versão do texto preliminar. Após a rodada de seminários, uma terceira versão do documento será elaborada pelo MEC. A meta de construção da BNCC está prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece que, a partir de 2018, as diretrizes sejam implementadas nas escolas.

 

 

Antes dos seminários estaduais, houve a fase das discussões em âmbito municipal. "Em junho, a Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Educação, promoveu o seminário municipal de discussão da base comum. Na ocasião, foi feita uma análise comparativa entre o documento nacional e a política de ensino da rede municipal do Recife. A partir da nossa experiência, vimos o quanto é importante ter uma diretriz curricular única como norte dos direitos de aprendizagens dos estudantes", afirma Jorge Vieira. Os debates sobre a BNCC começaram em 2015, com uma consulta pública pela internet que contou com contribuições de mais de 12 milhões de educadores. O documento deve ser concluído pelo MEC até o fim do ano.

 

 

Para o secretário estadual de Educação, Frederico Amâncio, a base não se restringe à discussão de um currículo único, mas também de valores e do que se espera das diversas etapas de ensino. "A BNCC vai impactar nas formações, nas avaliações e sobretudo no futuro da educação. Não queremos ter qualquer base, mas uma base qualificada e que  possa contribuir para melhorar a qualidade da educação do nosso País", afirma o gestor.

Para o presidente nacional da Undime, Alessio Costa, o texto da base ainda tem muito o que melhorar. "Entregar um documento de 600 páginas, como está agora, é pedir para ninguém ler. Acho que cada um aqui só deve ter conseguido ler o que diz respeito à sua área específica e isso não é bom porque perdemos a visão do todo. A versão final do documento deve ser mais objetiva e numa linguagem clara tanto para professores quanto para os pais. Então, façam uma leitura crítica para que tenhamos um documento que realmente nos ajude no dia a dia da sala de aula", avalia o professor Alessio.

O diretor do Instituto 
Consed, Antônio Neto, lembrou que os países que têm uma base curricular comum são nações que conseguiram avançar muito no processo educacional.  "Hoje várias redes trabalham de forma diferente uma da outra. Vemos escolas trabalhando de forma completamente diferente dentro de uma mesma rede. É uma dispersão muito grande. A base vai trazer uma reorganização de todo o processo de ensino. Esse é um momento histórico pro País. Temos que nos esforçar para termos uma base de qualidade internacional. Acredito que vão sair boas contribuições daqui de Pernambuco, estado que teve tão bons resultados na Educação", acredita Antônio Neto.

Representando o MEC, Marcos Silva Osório, secretário de Articulação dos Sistemas de Ensino (SASE), disse que a base ainda chegou muito pouco ao chão da escola. "É urgente que a gente traga essa discussão para a escola. Para que tenhamos a escola que queremos, com alunos no centro do processo, temos que rechear a base com valores éticos, e não apenas conteúdos das disciplinas. Espero que a gente consiga tratar a educação como política de estado, e não política de governo", disse Marcos Osório, que atuava como professor no Rio de Janeiro há 30 anos, antes de ser convidado para trabalhar no MEC.