Em celebração ao Setembro Azul, estudantes surdos da Rede Municipal do Recife participam de oficinas esportivas com atletas surdolímpicos

imagem de Guilherme Vila Nova
Ação foi realizada pela Secretaria de Educação da cidade por meio da Gerência de Educação Especial. Foto: Paulo Melo/PCR

Em celebração ao Setembro Azul - mês de visibilidade da comunidade surda -, estudantes surdos da Rede Municipal do Recife contaram com oficinas esportivas de xadrez, vôlei, futsal, badminton e handebol. A ação, que foi realizada pela Secretaria de Educação da cidade em parceria com o Centro de Referência Paralímpico do Recife e o Compaz Ariano Suassuna, teve o objetivo de promover aos alunos o conhecimento de esportes surdolímpicos e a experiência de praticá-los, além de levar até eles atletas que são referências nessa modalidade para que sirvam de inspiração.  

A iniciativa reuniu estudantes das Escolas Municipais Padre Antônio Henrique; Cristiano Cordeiro; Florestan Fernandes; Vila Santa Luzia; Rozemar de Macedo Lima; Karla Patrícia; Mário Melo e Governador Miguel Arraes de Alencar. Na ocasião, os presentes puderam entender os princípios e as regras das modalidades apresentadas, além de experimentar um pouco da prática de cada uma delas. 

“É muito importante vivenciar um momento como esse. Aqui posso encontrar meus amigos e aprender sobre outros esportes. Gostei muito de participar. Quando crescer, quero ser jogador de futebol. Amei experimentar o futsal e também gostei muito do vôlei”, contou Arthur Gomes, de 12 anos, estudante surdo da E.M. Padre Antônio Henrique. O jovem, que é apaixonado por futebol, confessou ser fã do jogador da Seleção Brasileira, Neymar. 

Arthur ainda não conseguiu encontrar com o ídolo, mas, durante a ação, conseguiu bater um papo com os surdoatletas do futsal, Matheus Rodrigues, Guttemberg Santos e Luiz Ricardo. Matheus, inclusive, também foi estudante da Rede Municipal do Recife e, atualmente, representa o estado nas competições através da Associação de Surdos de Pernambuco. “Antes de entrar na escola do Recife eu encontrava muitas barreiras nas salas de aulas com ouvintes. Dentro da rede pública municipal consegui muito mais acessibilidade e pude me desenvolver muito mais. Esta é uma ação muito importante, que vem pra somar na vida desses jovens. O esporte conseguiu me levar para diversos lugares e é essa inclusão que prego hoje”, destacou o jogador, que também foi aluno da E.M Antônio Padre Henrique. 

Além dos surdoatletas do futsal, também estiveram presentes na ação os competidores Pedro Vinícius (xadrez); Edson Maranhão, Carolina Longman e Elizabeth Borges (vôlei); René Ribeiro Hutzler (badminton) e Lucas Cabral Viana, Allisson SIlva e Levi Leite (handebol). “Ter um evento como esse é muito importante para os estudantes, as famílias e, principalmente, para que a sociedade possa ver que o estudante surdo ou com qualquer deficiência pode ser o que ele quiser, desde que seja ofertada uma educação de qualidade. Trouxemos profissionais reconhecidos no mundo do esporte para que eles possam ver exemplos positivos e se inspirarem”, comemorou Adilza Gomes, gerente da Educação Especial do Recife. 

EDUCAÇÃO ACESSÍVEL

A Rede Municipal de Ensino do Recife conta com salas bilíngues desde 2015. A iniciativa beneficia estudantes surdos da rede, que conseguem aprender sobre os conteúdos dos componentes curriculares tendo a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) como primeiro idioma. Atualmente, são nove escolas funcionando como polos, sendo 17 turmas e 21 professores acolhendo 102 estudantes nas salas bilíngues regulares para surdos na Rede Municipal.

“Há sete anos a gente vem trazendo ações para que os surdos realmente sejam incluídos na sociedade, sendo respeitado o seu direito linguístico. Todas as atividades que a Prefeitura do Recife oferta e todas as avaliações precisam ser pensadas para esse público também. Poucas cidades no brasil possuem essas salas, e ficamos muito felizes em garantir esse direito, trazendo conteúdos na língua deles de forma acessível e com metodologia própria para eles”, comentou Isabela Gomes Pestanha, coordenadora do Núcleo de Educação de Surdos da Gerência de Educação Especial do Recife. 

 
Fotos: Paulo Melo/PCR