Pluralidade cultural marca apresentações artísticas do Abril Para as Artes

imagem de Guilherme Vila Nova
Festival está sendo realizado na Escola Municipal João Pernambuco e segue até esta quinta-feira (28). Foto: Paulo Melo/PCR

Arte em forma de música, dança, apresentações culturais, rodas de diálogos e instrumentos musicais. Assim é a programação do Abril Para as Artes, que teve início na terça-feira (26) e homenageia os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. Aberto ao público, o evento, que será encerrado nesta quinta (28), é realizado na Escola Municipal de Artes João Pernambuco e conta com programações para todo gosto e faixa etária, sempre das 9h às 22h. A mostra estudantil e profissional tem como principal objetivo reunir artistas nas diversas linguagens culturais para divulgar todos os trabalhos realizados dentro e fora da escola. 

Poesias, técnicas de yoga do riso, mesa de debates e recital de piano foram alguns dos destaques dos primeiros dias de evento, que reuniu não só profissionais e estudantes, mas também familiares para prestigiar o movimento artístico e cultural do Recife. E assim foi com Gabriel de Paula, de 21 anos. O estudante, que faz aulas de piano há 2 anos na João Pernambuco, contou com plateia e a presença especial da mãe para se apresentar. 

“Não conseguiria mostrar meu trabalho de outra forma, se não fosse pela escola. Foi aqui que fui apresentado a todo o mundo da música e me sinto realizado em poder estar me apresentando. O piano foi uma espécie de paixão. Escutei pela primeira vez e senti a necessidade de aprender. O festival acaba nos estimulando ainda mais, porque não adianta ter essa paixão e guardar, a magia está em também mostrar para os outros o nosso trabalho”, comemorou. 

Representando fielmente a pluralidade do Abril Para as Artes, Alcidesio Ramos formou-se em Teatro pela escola, mas lá também encontrou espaço para aprender piano. “Para nós é maravilhoso mostrar para o público não só o que estamos aprendendo, mas também o nosso talento nas diversas frentes, como a música, o teatro e as artes gráficas e visuais. Além disso, o festival também abre as portas da escola para esse acesso das pessoas, para que elas possam conhecer tudo o que o nosso espaço é capaz de oferecer”, emendou o artista de 34 anos. 

O debate e o diálogo também são ferramentas artísticas de grande importância, por isso eles também têm seu espaço no festival. Entre os temas abordados estão o “Modernismo no Brazil: entre a moléstia de Nabuco e o Paradigma do sapo-tanoeiro” e “A Semana de 1922 e a atualidade: espaço para as mulheres e pessoas pretas”. 

“É o momento onde queremos levar nossos alunos a uma reflexão. Tivemos uma semana de arte muito marcante para o Brasil, mas também tivemos ausências muito sentidas de alguns artistas da época, como mulheres e pessoas pretas que deveriam estar presentes e que não estiveram. Então, geramos esse debate sobre o que já avançamos e o quanto ainda devemos avançar. A arte também é um bom caminho para a gente ver, não só representatividade, mas proporção. É o lugar onde a população brasileira precisa ser representada de forma proporcional”, destacou Cláudia Nunes, mediadora da mesa “A Semana de 1922 e a atualidade: espaço para as mulheres e pessoas pretas” e professora da João Pernambuco. 

A programação segue durante toda esta quarta e quinta-feira com diversas manifestações culturais. “O evento é muito importante para a comunidade escolar, pois congrega uma produção artística nas várias linguagens, envolvendo música, dança, teatro e artes visuais. Este espaço, cedido para estudantes, professores e grupos diversos de outras instituições da Região Metropolitana do Recife, é importante pela oportunidade de estar em contato com músicos, atores, dançarinos e diversos artistas, de diversos gêneros, para discutir sobre o papel da arte na sociedade”, encerrou Antônio Cabral, gestor da João Pernambuco. 

 
Fotos: Paulo Melo/PCR