Estudantes premiados na feira de Ciências da USP são recebidos com festa no aeroporto

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Familiares e equipe da Secretaria de Educação do Recife recepcionaram os estudantes no aeroporto. Foto: Ronaldo Almeida/SETE

Faixas, bandeiras, bolas, gritaria e muita emoção marcaram a recepção da professora e do grupo de estudantes premiados na 14ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) da Universidade de São Paulo (USP), considerada a maior feira brasileira pré-universitária de Ciências e Engenharia. Na noite deste sábado (19), no Aeroporto Internacional do Recife, a professora de geografia Ana Paula Freire e os alunos João Marcos Rangel, 14 anos, Arthur André Silva, 13 anos, e Ryan Henrique Martins, 15 anos, estudantes do 8º e 9º ano da Escola Municipal Octávio de Meira Lins, no Vasco da Gama, mostraram a todos os familiares e à equipe da Secretaria de Educação do Recife as medalhas que receberam nessa sexta (18), pelo 4º lugar no Prêmio de Ciências Sociais e Aplicadas. Na categoria, o trio concorreu com outros 12 trabalhos de alunos de ensino médio e técnico, sendo os únicos concorrentes de ensino fundamental. Eles apresentaram um trabalho sobre o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus causadores da dengue, chikungunya e zika.

A Febrace começou na última terça-feira (15), na Escola Politécnica da USP (Poli-USP), em São Paulo. Nesta 14ª edição da mostra, foram apresentados 341 projetos de 752 estudantes dos ensinos fundamental, médio e técnico de escolas públicas e particulares de todo o Brasil. Os trabalhos finalistas, que abrangem diversas áreas do conhecimento divididas em sete categorias, foram selecionados entre um grupo de mais de dois mil projetos. Os trabalhos foram avaliados por pesquisadores e especialistas de diversas áreas do conhecimento.

Iniciado em 2015, o projeto sobre "O acúmulo de lixo no Alto Nossa Senhora de Fátima e a incidência de casos de dengue na comunidade" foi escolhido para representar a rede municipal de ensino no evento da USP após ter recebido menção honrosa na Feira de Ciências realizada pela Secretaria de Educação do Recife em dezembro. O trabalho, que segue a metodologia científica, foca na eliminação dos focos do Aedes aegypti. A hipótese inicial do trio relacionava o acondicionamento incorreto do lixo aos casos de dengue no Alto Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama. Durante o trabalho de campo, eles descobriram outras causas de focos do mosquito e também resolveram estudar a chikungunya, a zika e a microcefalia. Desde o início do ano letivo, o combate ao Aedes aegypti vem sendo debatido nas 307 escolas, creches e creches-escolas municipais.

“A Febrace foi ótima. É uma feira enorme, lotada de gente de todo o Brasil. Éramos uma das poucas equipes de ensino fundamental. Fizemos amizades, conhecemos outros projetos, apresentamos o nosso trabalho pra várias pessoas, recebemos muitas dicas dos avaliadores e aprendemos muito. A premiação também foi um momento espetacular. Nunca vou esquecer o que vivi. Queremos voltar à Febrace”, contou João Marcos, que agora pretende disseminar o projeto para outros bairros.

Há 24 anos trabalhando na Escola Municipal Octávio de Meira Lins, a professora Ana Paula nunca tinha viajado de avião e ainda não tinha participado de uma feira nacional. “A experiência foi única. Nós nos vimos representando a rede municipal no meio de jovens de escolas estaduais e federais do Brasil todo. Agora não quero mais parar. É uma oportunidade ímpar na vida dessas crianças, que vão ser referência para os outros estudantes. Vamos mobilizar essa rede para que outros professores e alunos tenham a oportunidade de ter a alegria que tivemos. É uma questão de oportunidade”, disse a docente, que também ministra formações para outros professores da rede municipal.

Os familiares presentes no aeroporto também vibraram muito com a conquista dos estudantes após tantos dias de estudo e dedicação. “Estamos radiantes e muito orgulhosos pela premiação dos meninos e da professora, que fez um papel de mãe. Nunca imaginei que Ryan, como estudante de escola pública, pudesse ter uma oportunidade tão boa. Ele já era um bom aluno, mas tenho certeza que agora, com esse incentivo, ele vai engrenar”, disse Lanusa Ferreira, mãe de Ryan.

“Em casa, João vive pegando no meu pé pra que eu não deixe água parada, pra que eu use repelente. João passava noites no computador só pensando no projeto e andando pela comunidade. Fizeram até passeata. Ele fica no quintal da nossa casa e na dos vizinhos procurando foco de mosquito. Os meninos se esforçaram muito, são merecedores. O fato de ele ir pra essa feira já era uma grande vitória. A premiação foi uma coisa maravilhosa. É um orgulho pra qualquer mãe”, disse Fabíola Rose Falcão, mãe de João.

» Saiba mais sobre o projeto desenvolvido pelos alunos da rede municipal:

http://febrace.org.br/virtual/2016/SOC/91/

 

 

Fotos:Ronaldo Almeida/SETE