Estudantes da rede municipal do Recife combatem fake news na saúde

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Alunos da rede municipal alertam colegas, pais e responsáveis contra as notícias falsas e sobre a importância da vacinação - Foto: Divulgação PCR

Ver nos noticiários que a cobertura vacinal estava em queda devido à propagação de notícias falsas, as chamadas fake news, podendo trazer de volta doenças consideradas sob controle. O incômodo deste cenário impulsionou o estudante Pedro Soares, 14 anos, da Escola Municipal Octávio Meira Lins, no Vasco da Gama, a formar uma equipe e iniciar uma pesquisa com o tema "Vacinar ou não vacinar? Os efeitos colaterais do século 21".

Sob a orientação da professora de Geografia Maria Ana Paula Freire, a equipe formada também pelos colegas Vinicius Oliveira, 14, e Ana Beatriz Ferreira, 14, iniciou um diário de bordo, catalogou notícias de jornais, aplicou questionários na comunidade Alto Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama, e constatou que 51% dos entrevistados se influenciam com as afirmações mentirosas. "Hoje todo mundo tem um facebook, tem um instagram, tem um twitter. Esses são os lugares onde é mais fácil de acessar informação, tanto real quanto falsa, que no caso são as fake news", observou Pedro.

A partir dessa constatação, os estudantes montaram um "plano de guerra" no combate às notícias falsas. Montaram um site (vacinabrasil.rf.gd), para que as pessoas possam se informar sobre a importância da vacinação, iniciaram um ciclo de palestras para os alunos da escola e os pais da comunidade, apresentando-se, inclusive, para alguns professores da rede de ensino do Recife. Para as crianças dos Anos Iniciais (1º ao 5º ano) eles fazem a palestra em forma de teatro, com o objetivo de ajudar os estudantes na compreensão do tema.

"Na escola, a maioria das pessoas que a gente deu as palestras já se vacinou. Tem o exemplo da menina para quem a gente explicou o tema. No outro dia ela foi se vacinar contra o sarampo e mandou foto para gente", contou Vinicius. "A gente tira as dúvidas, os professores apoiam o projeto, debatendo o tema com várias turmas da escola, alertando para o não compartilhamento de mensagens oriundas das redes sociais. Uma pessoa que a gente incentiva já é um avanço, é gratificante ajudar a comunidade", completou Beatriz.

FUTURO - Munidos de toda a documentação catalogada até o momento, na quinta-feira (24), os alunos enriqueceram um pouco mais a pesquisa, entrevistando o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia. No encontro, o gestor respondeu a um questionário, tirou dúvidas e frisou a importância do papel da criança na conscientização dos adultos. "Nestes momentos, a gente fica muito orgulhoso de ser recifense, de ver que a educação da cidade tem produzido trabalhos tão importantes como o desses jovens de 14 anos, que nos surpreendem com tamanho pertencimento em relação ao tema, tamanho domínio sobre o que está sendo tratado. Um tema tão significativo para a questão da saúde, que é a questão das fake news em vacina, um assunto muito atual. Fico muito feliz de ver isso acontecer. Ações como esta renovam as nossas esperanças na educação, na saúde, e no futuro melhor, com certeza", declarou Jailson.

Ana Paula Freire, orientadora do projeto, contou que essa metodologia científica utilizada no trabalho proporciona embasamento para que os alunos possam ler artigos científicos e entrevistar as pessoas nas ruas. "Esses estudantes envolvidos nas pesquisas se tornam protagonistas, autônomos e já caminham pelas próprias pernas. É uma satisfação imensa perceber que a gente começa a orientar esses meninos e a evolução se dá na trajetória deles como estudante. A rede pública tem feito um trabalho muito positivo neste sentido", avaliou a professora. O trabalho será apresentado na Feira de Conhecimentos do Recife (Fecon), que acontece entre os dias 11 e 13 de novembro.

Fotos: Divulgação PCR