Escolas municipais do Recife criam presépios sustentáveis

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No total, 14 obras feitas a partir de resíduos tecnológicos com referências à cultura nordestina e local foram construídas por mais de 300 estudantes. Foto: Mahavir Simas/Detec

Escolas da rede municipal do Recife arregaçaram as mangas para criar presépios sustentáveis que vão fazer parte do ciclo natalino do Recife. A ação, que é parte da programação do Recife dos Presépios por mãos do futuro, irá promover uma releitura do imaginário natalino através de esculturas construídas a partir de resíduos tecnológicos e materiais reciclados. No total, mais de 300 crianças e adultos de 14 escolas foram envolvidos na confecção das esculturas, que começaram a ser produzidas em outubro. As obras de arte – cujas dimensões variam 1M² e 3M³ com alturas que ficam entre 1M e 1,80M- estão em exposição até o dia 25 de dezembro, das 11h às 15h e 16h às 19h, de segunda a sábado, e das 9h às 11h e 15h às 19h, aos domingos.

A ação envolveu desde crianças nas creches, bem como jovens do ensino regular e alunos modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para o desafio, as montagens devem utilizar pelo menos 50% dos materiais das esculturas provenientes de resíduos tecnológicos como teclados, mouses, CPUs, telas, teclas, CDs e DVDs, entre outros. Também foram levados em consideração os olhares da cultura presentes no ciclo natalino do Nordeste. O objetivo foi incentivar a participação da comunidade escolar e promover a reinvenção da tradição cristã da montagem dos presépios, além de conscientizar crianças e adolescentes sobre a importância da reciclagem para a preservação do meio ambiente.

Para a professora Djanice Leonardo, que coordena a ação, a iniciativa é muito importante porque trabalhou a tradição do ciclo natalino a partir da perspectiva regional, respeitando as características da cultura nordestina e a realidade das escolas do entorno. “Nosso principal objetivo foi envolver os alunos e ao mesmo tempo trabalhar com a questão da reciclagem, com a utilização dos resíduos eletrônicos, materiais reciclados entre outros que já é algo trabalhado durante todo o ano em nossas escolas”, pontuou. 

No caso da Escola Municipal em Tempo Integral Divino Espírito Santo, a releitura do anúncio das boas novas do Anjo Gabriel ganhou uma versão moderna. Para reproduzir o arauto das boas novas, as crianças agregaram à escultura um carro de som no qual as canções natalinas ganham versão em ritmo de funk, forró, hip hop e samba. No programa da Rádio Escola que a unidade mantém, a versão já está sendo anunciada para todos os estudantes.

Na visão do professor Alberto Melquiades, E.M. Professora Almerinda Umbelino, constatar o reconhecimento por parte  de elementos de nossa cultura e de toda a sociedade, que diariamente tem ido prestigiar essas belíssimas produções é um presente para cada estudante e profissional que se desdobrou para dar conta desse desafio. “Assim como fizeram os reis magos, eles vêm ao encontro da mensagem de paz, luz e esperança que cada presépio representa em sua singularidade. Não trazem ouro, incenso ou mirra, mas sim elogios pela iniciativa e um sentimento de surpresa por quão significativo trabalho, no aspecto pedagógico, cultural e social, por ter essa preocupação com a sustentabilidade ambiental e de ampla abrangência de público.  Parabéns a todos nós”, comentou.

As escolas e creches escolas participantes são: Escola Municipal Almerinda Umbelina (Vasco da Gama), André de Melo (Estância), Bola na Rede, CMEI Ana Rosa Falcão de Carvalho (Santo Amaro), CMEI São João (Macaxeira), Creche Albérico Dornelas (Brum), Divino Espírito Santo (Caxangá), Edinaldo Miranda (Encruzilhada), Engenho Do Meio (Engenho do Meio), Josefina Marinho (Casa Amarela), Karla Patrícia (Boa Viagem), Nossa Senhora da Penha (Boa Viagem), Padre Antônio Henrique (Derby), Pedro Augusto (Boa Vista).

Recife é referência nacional em práticas sustentáveis – em agosto de 2018, a Secretaria de Educação do Recife conquistou o primeiro lugar do 7º Prêmio A3P de Melhores Práticas, realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, em Brasília na categoria Gestão de Resíduos Sólidos, com o projeto “Centro de Educação, Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade – CETIS). (Destinação de componentes de computadores usados para projetos educacionais).

As práticas exitosas da rede consistem em reutilizar componentes de computadores obsoletos em um trabalho de metarreciclagem e reaproveitamento de peças. A proposta visa adotar novas práticas de destinação dos resíduos tecnológicos, com aprendizagens significativas e incentivo à pesquisa, que ampliam o conhecimento da comunidade escolar sobre práticas sustentáveis e cultura de reuso.

“Essa ideia foi fantástica! Educação fora dos muros das escolas, que transforma e forma cidadãos mais consciente, enche o Marco Zero de cores da nossa terra, e traz a arte como contadora de histórias do imaginário religioso e popular. Essa exposição trouxe o povo para rua, refletiu o desejo do belo que fala em cada peça feita pelas mãos do futuro. Parabéns a todos e todas por aceitarem esse desafio  transformarem em verdadeira obra de arte, o lixo que jamais pensamos que pudessem ganhar vida”, ressaltou a Professora Arlinda, da Escola Municipal Josefina Marinho.

Àquela época, mais de 300 computadores haviam sido reciclados, com reutilização de peças em aulas de robótica e na construção de obras de arte. O projeto foi consolidado a partir de ações como cursos e oficinas de teoria e técnicas de metarreciclagem, robótica com ferramentas e automação, arte e metarreciclagem; exposição em feiras educativas; recondicionamento de computadores e doação. Só no primeiro semestre de 2018, o projeto havia atendido 15 escolas e beneficiado mais de 500 estudantes.

 
Quantidade de material de resíduos tecnológicos utilizado nos presépios – Meia tonelada
Descritivo
Teclados – 150
Mouses – 150
Monitores – 150
CPUs – 60
Cabos e fios – 1.000 M
Estabilizadores – 50
Geláguas – 10
Garrafões – 30
Cadeiras – 40
 
Fotos: Mahavir Simas/Detec